Programa oferece tratamento global e gratuito a pacientes com fissuras labiopalatinas
Publicado em | 04/08/2016
Reprodução.
Maicon Milhen 
 
Por meio do Programa de Fissuras Labiopalatinas, pacientes de todas as idades com má formação craniofacial - toda alteração congênita que envolve a região do crânio e da face, sendo a fissura de lábio ou palato a mais frequente - recebem tratamento e acompanhamento gratuito no Hospital Universitário Júlio Müller (HUJM), em Cuiabá, até estarem completamente reabilitados funcional e esteticamente.

O programa, em atividade desde 2005, atende pacientes de todo o estado e de outros circunvizinhos, como Rondônia, Acre e Tocantins. Está estabelecido como um projeto de extensão gerenciado pela Fundação de Apoio e Desenvolvimento da Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT (Fundação Uniselva).
 
O projeto é desenvolvido com apoio da Smile Train, instituição internacional de caridade infantil que apoia hospitais e centros especializados para que crianças e adultos nascidos com fissuras recebam tratamento com qualidade e segurança.
 
A parceria funciona da seguinte maneira: a cada cirurgia realizada pelo programa, a instituição repassa US$ 300,00 para custeio do projeto. No HUJM são feitas, em média, de duas a três cirurgias por semana.

Mas, conforme explica o coordenador do programa, professor Adalberto Novaes, a cirurgia é apenas uma das várias etapas do tratamento oferecido pela equipe do Hospital Universitário a pacientes com fissuras labiopalatinas, que inclui assistência interdisciplinar em várias áreas da saúde, como medicina, odontologia, fonoaudiologia, psicologia, nutrição, serviço social.

Segundo explicou, "os recursos repassados pela Smile são utilizados para comprar materiais odontológicos, insumos, equipamentos e instrumentais utilizados nos tratamentos, além de fomentar a atualização técnica e científica dos membros da equipe na área de má formação craniofacial".
 
Doutor Adalberto Novaes, coordenador do programa. 
 
 
"O apoio oferecido pela Fundação Uniselva é brilhante e fundamental para as atividades desenvolvidas pelo programa. Seja pela gestão do financiamento dos valores recebidos da ONG Smile Train, pela transparência que proporciona ao nosso programa, bem como pela
disponibilização de toda estrutura e profissionais de qualidade que nos oferecem a assessoria necessária", professor Adalberto Novaes, coordenador do Programa de Fissuras Labiopalatinas do HUJM. 
 
 
 
 

 
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, no Brasil, uma em cada 650 crianças nasce com fissura labiopalatina. As causas são complexas e multifatoriais, de acordo com Novaes.

"Uma parte delas tem um componente genético, outras podem ser causadas por agentes deletérios [prejudiciais, nocivos à saúde] do meio ambiente, por exemplo, poluentes, medicamentos utilizados inadequadamente durante a gestação, infecções congênitas, como sífilis e rubéola", pontua o professor e cirurgião craniomaxilofacial, graduado em Medicina pela UFMT e doutor em Otorrinolaringologia pela Universidade de São Paulo (USP).

Tratamento e Acompanhamento
 
O ideal é que o tratamento comece ainda na fase gestacional, quando o diagnóstico deve ser feito por meio do ultrassom, o que nem sempre ocorre. O Programa de Fissuras Labiopalatinas realiza, às quartas e sextas-feiras, um acolhimento multiprofissional aos pacientes e às famílias que descobriram a incidência de má formação craniofacial.

"Esse primeiro contato é importante para orientar as famílias, dar amparo psicológico, fornecer as informações necessárias e deixar claro que a criança terá assistência adequada, tratamento efetivo e uma vida normal", esclarece Novaes. 

O tratamento deve seguir até o início da idade adulta. "O acompanhamento é exigido até a maturidade esqueletal do paciente e total crescimento e desenvolvimento do esqueleto craniofacial", acrescenta o professor.

Tal tratamento exige uma equipe multiprofissional grande e bem preparada. O Programa utiliza praticamente todo o corpo clínico do HUJM - área de clínica médica, genética clínica, pediatria, fonoaudiologia, anestesiologia, otorrinolaringologia, enfermagem, nutrição, psicologia, assistência social, técnicos em higiene dental, cirurgia plástica e craniomaxilofacial e todas as especialidades da odontologia.

Famílias recebem orientação e amparo psicológico
 
 
No dia em que a reportagem foi até o HUJM acompanhar as ações do Programa, o pequeno N. M., com apenas cinco dias de vida, era acolhido pelo quadro especializado em fissuras labiopalatinas.

Nos braços da mãe, Marcelina Caroline, e acompanhado pelos avós, Rosa Sebastiana e Paulino Pereira, ele foi encaminhado à equipe logo após o nascimento, ocasião em que identificou-se a má formação craniofacial.

De acordo com a assistente social Laila Campos, nesse primeiro contato almeja-se assegurar e demonstrar a importância da integralidade do tratamento. "Um dos grandes problemas é a questão da renda para custear os deslocamentos e os gastos com as crianças. Então, tentamos focar na busca de um benefício social e direitos, como o passe livre no serviço de transporte coletivo de passageiros, que garantam a essa criança dar continuidade ao tratamento e passar por todas as especialidades. Já quando o paciente vem do interior fazemos contatos com as secretarias municipais de saúde para facilitar a locomoção e, quando necessário, conseguir casas de apoio para o paciente e familiares na capital, quando a permanência por mais tempo é exigida."

Equipe multiprofissional qualificada acompanha todo o tratamento no HUJM

M. S. F., 9, começou a tratar sua fissura labiopalatina aos 6 meses de idade em Santa Catarina. A mãe, Maria M. dos Santos, também conta que só descobriu a má formação no nascimento. Frequentando a escola normalmente, ele está em tratamento no HUJM desde julho de 2015. Na foto abaixo, é atendido pelo ortodontista Carlos Antunes e pela técnica em saúde bucal Liliana Carvalho.
 
 
O programa conta com uma sala específica para avaliação auditiva

A sala de avaliação auditiva do programa conta com uma cabine acústica para o "monitoramento auditivo constante dos pacientes", destaca a fonoaudióloga Marta Takshima.
 
Otorrinolaringologistas também acompanham essa etapa do tratamento. Se o paciente "tiver perda auditiva a gente consegue prevenir que haja perdas na fala, na linguagem e no aprendizado", detalha Takshima.

Nas avaliações (como a da foto abaixo) são feitos os procedimentos de emissões otoacústicas evocadas transientes, que é o teste da orelhinha, e de timpanometria. Uma sonda é colocada na entrada do canal auditivo para avaliar a audição, podendo detectar algum grau de surdez, verificando-se a presença, ou não, de secreção no ouvido médio, já que esses pacientes têm infecções de ouvido mais frequentemente.
 
 
Serviço
 
Informações sobre o Programa de Fissuras Labiopalatinas podem ser obtidas pelos telefones (65) 3615-7224 ou 3615-7283 e no próprio ambulatório do HUJM, na rua Luiz Philipe Pereira Leite, bairro Alvorada, em Cuiabá (MT).
 
As linhas de ônibus 204, 302 e 503 passam em frente ao hospital. O primeiro atendimento aos pacientes é feito às quartas e sextas-feiras, das 7 às 11h, sem necessidade de agendamento ou encaminhamento prévio.

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